Citação da citação: você sabe como fazer?

Na hipótese de produzir de um trabalho acadêmico, considere a seguinte situação:
Você tem à disposição um artigo cientifico encontrado na Internet cujo autor é José Justino. José incluiu neste artigo diversas citações, ou seja, ele promoveu um diálogo com várias fontes bibliográficas, citando e comentando diversos autores. Dos autores citados destacam-se: Bernardo Baiano, Maria Aletéia, e Thiago Cartago. José registrou (citou) no corpo do trabalho trechos dos livros publicados por estes autores, bem como apresentou as referências das respectivas obras no final do artigo, em ordem alfabética.
Ao perceber a relevância destas citações, você:
a) transcreve as citações e as referências apresentadas por Justino, sem mencioná-lo no seu trabalho?
b) cita e registra as referências dos livros de Baiano, Aletéia e Cartago, bem como do artigo de Justino?
c) transcreve as citações de Baiano, Aletéia e Cartago no seu trabalho, mas menciona que elas foram citadas por José e, ao final do seu trabalho, apresenta apenas a referência do artigo científico do Justino?
Esta situação hipotética retrata uma circunstância do cotidiano de qualquer pesquisador na produção de revisões bibliográficas. Trata-se da citação da citação. Há quem não aceite esta prática já que trata-se de uma espécie de “diz que me diz”, ou seja, Fulano disse que Beltrano disse… Dizer o que alguém disse por interposta pessoa não só caracteriza a popular “fofoca” como é uma prática que pode resultar em falhas de comunicação.
Para ilustrar, recomendo que faça a seguinte dinâmica com os seus amigos:
Diga algo complexo (no “pé do ouvido”) para um deles e peça que transmita essa mensagem da mesma forma para outro, e este para outro, sucessivamente. O último informado deverá revelar para todos a mensagem recebida. Neste experimento, quanto mais complexa for a informação e mais pessoas participarem, maior a probabilidade da mensagem original mudar de sentido quase por completo. O mesmo pode acontecer com algum conteúdo expresso por escrito, caso o registro de cada participante seja realizado livremente. Por outro lado, quando a comunicação (verbal ou escrita) é realizada de forma literal, este problema geralmente não ocorre.
Outro argumento contra a citação da citação, especialmente no contexto do ensino/aprendizagem, é que esta prática sugere que o pesquisador (aluno) não se esmerou tanto quanto podia (e deveria) na busca das fontes – parou na primeira que encontrou. Claro, há situações em que a fonte primígena é de difícil acesso. Nestes casos, mesmo os mais relutantes no emprego da citação da citação acabam por aceitá-la. Contudo, usada com moderação, a citação da citação é recomendável e deve ser apresentada de modo que não deixe dúvidas ao leitor sobre quem citou quem.
Portanto, a resposta para situação descrita no início é a alternativa “c”, que pode ser exemplificada da seguinte forma:
No corpo do trabalho: 
Conforme explica Aletéia citada por Justino (2015, p. 35) “[…] transcrição do texto de Maria”.
Nas referências: 
JUSTINO, José. Como citar fontes científicas. Revista Ciência&Pesquisa, Blumenau, v. 12, n. 32, p. 20-34, jul./dez. 2015. Disponível em: Acesso em: 10 jan. 2016.
Em tempo: cabe lembrar que a expressão latina "apud." pode ser empregada em substituição à expressão "citado por". Pessoalmente, prefiro o bom e claro português.
Para saber mais sobre citação da citação, confira estes links:
Citação da citação, eis a questão!
Devo citar o autor citado no artigo ou o autor do artigo?
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
Foto: www.pixabay.com

14 de fevereiro de 2016

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