Em nome da certeza e do rigor científico, há quem afirme ser absolutamente necessário citar fontes primárias. Aproximar-se ao máximo do discurso original. Isto implica em não empregar recursos como citação da citação, ou valer-se de textos traduzidos. Ocorre que não é raro encontrar livros e artigos que, por sua vez, empregam (citam) outros textos. Autores que citam outros autores. Cabe então a pergunta: é adequado utilizar o recurso da citação da citação?
Acredito que seja preferível usar a citação da citação do que citar e referenciar as fontes dos autores consultados, sem mencioná-los. Valer-se furtivamente das citações de outros trabalhos é enganar o leitor, sonegando o acesso aos textos utilizados na pesquisa. Sobretudo, importa evidenciar a ética na produção acadêmica, priorizando o informe das fontes realmente consultadas. Transcrever as citações contidas nos trabalhos consultados sem mencioná-los é conduta desonesta e fraudulenta.
Claro que é relevante investir na busca das fontes primárias, mas exigir do aluno de graduação a consulta de livros cujo acesso é difícil ou mesmo a leitura de textos em outros idiomas pode ser o mesmo que convidá-lo a “maquiar” o trabalho. No ensino universitário e também na vida, a ética deve permear o plano concreto das condutas e relações humanas. A honestidade precisa ocupar o espaço do cotidiano, do comum, e não ser vista como virtude excepcional de poucos iluminados puritanos.
Aproximar-se deste ideal, ainda que seja um horizonte inatingível em sua plenitude, exige renúncia das vaidades intelectuais e das pseudo-cientificidades do ambiente acadêmico. É preciso considerar a ação (pesquisa) e não apenas o produto (monografia). Compreender que a experiência vivida com a pesquisa, seus desafios, reflexões e escolhas são tão ou mais importantes que o resultado final. Na universidade, o texto do Trabalho de Conclusão é o rastro de uma jornada cujo objetivo maior consiste no aperfeiçoamento humano e profissional. Enfrentar os desafios da academia e da vida com respeito, ética e humildade, é disso que falo!
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
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