Para Escrever

Não existe fórmula mágica ou modelo padrão para escrever. A crença fervorosa em regras é uma das heranças duras da educação linear tradicional. Ainda somos “doutrinados” a crer na existência de um jeito ou estilo certo para escrever. Colocado desta maneira, o iniciante (e também muitos veteranos) sentem-se incapazes de atender esta expectativa. O pensamento trava e o texto não flui. Por quê? Simples! A exigência do “padrão correto” vem antes.
Antes de seguir qualquer padrão, para escrever é preciso sentir-se livre. Escrever sem o peso da regra, do método, da certeza, livre para expressar o pensamento, experimentar. Agindo assim percebe-se algo inevitável: a forma do texto “toma forma” naturalmente, evolui tão espontânea quanto o pensamento.
Sentir-se livre é mergulhar em um universo de possibilidades. O texto surge, assume gradualmente sua dimensão enunciativa e os ajustes (sempre necessários) simplesmente acontecem, sem muita explicação, sem caminhos pré-estabelecidos. Claro, não se trata de afirmar que as regras da escrita devem ser abolidas, mesmo porque, para existir comunicação, padrões são necessários. A linguagem pressupõe modelos simbólicos de sentido e significação. Contudo, a prevalência da racionalidade instrumental (o fetiche da gramática) inibe a ação comunicativa.
Para escrever, em poucas palavras vale lembrar: quando se pensa muito sobre “como agir”, às vezes, acaba-se por “não agir”. Assim é na vida, assim é na escrita.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

9 de fevereiro de 2015

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