Opinião e fundamento: na onda do #selfie epistemológico

De tempos em tempos tenho a oportunidade de conversar (e pensar) sobre a questão da "opinião" nos Trabalhos Acadêmicos. Para mim, é um assunto que nunca se esgota. Aliás, é muito bom que seja assim! A pergunta é: o aluno pode apresentar "sua opinião" na Pesquisa? Experiências pessoais contam?
Já afirmei neste blog que opinar é afirmar algo sem apresentar fundamentos. Bom, mas o que é fundamento? Eis a questão!
Há quem insista em reconhecer o fundamento a partir da consistência pressuposta da autoridade. Em outras palavras, fundamento seria apenas o conjunto de conteúdos e afirmações profetizadas por doutores e autoridades no assunto. Esta é uma perspectiva "cega" em, pelo menos, dois aspectos: primeiro – pressupõe que a autoridade é a fonte legítima da verdade (o que é um grande equívoco); segundo – subestima (ou até mesmo neutraliza) a possibilidade do educando contribuir para a construção do conhecimento, algo que remete ao sentido original (e superado) da palavra "aluno" - alguém sem luz.
Por outro lado, também não se pode abraçar o protagonismo autorreferencial. Ou seja, reconhecer que ideias e experiências de vida, assumidas predominantemente como méritos e conquistas individuais, possam fundamentar afirmações. Não podemos ignorar que, no processo de construção da identidade e da autonomia, desde sempre, estamos imersos em um ambiente cultural. A partir dele, aquilo que acreditamos ser “nosso pensar" é o resultado de vivências, em sociedade. O conhecimento não se constitui, por assim dizer, a partir da absoluta independência do sujeito. Esta autossuficiência não existe.
O protagonismo autoral implica em reconhecer que o pesquisador (educando) não é um mero espectador no cenário da vida. Ele é um agente ativo que dialoga com o mundo e, neste diálogo, constrói o saber. Mas, nesta tarefa, ele precisa situar-se culturalmente, perceber-se a partir dos outros, e não apenas de si mesmo. Referir-se dogmaticamente às próprias experiências de vida é acreditar em uma autossuficiência epistemológica que, de fato, não se sustenta.
Portanto, escrever tu texto apenas citando autoridades científicas (na base do Ctrl-C/Ctrl-V) não é suficiente! Por quê? Simples, não houve diálogo, e sim, a mera (re)produção de discursos. Em outro viés, produzir um trabalho acadêmico partindo apenas das experiências e impressões pessoais (de forma autorreferencial), também não vale! Por quê? Simples, não houve diálogo, tão somente a (re)produção de um “selfie epistemológico”.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

Foto: www.pixabay.com

7 de agosto de 2014

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