Não é raro encontrar textos das mais diversas áreas do conhecimento que enaltecem efusivamente filósofos e cientistas. Sem dúvida, muitos pensadores contribuíram (e ainda contribuem) significativamente para o surgimento de novos modelos teóricos e para a quebra de paradigmas. Portando, proposições fundamentadas no “argumento de autoridade” não podem ser totalmente desprezadas, mas é preciso cautela.
Desde sempre experimentamos a complexidade da linguagem e testemunhamos como a interpretação está sujeita a imprecisões de maior ou menor grau. O ocorrido nem sempre corresponde ao compreendido e o compreendido nem sempre corresponde ao dito. Neste sentido, proponho um questionamento: será que os grandes pensadores estão imunes a esta complexidade? Será que o grau de dificuldade para a compreensão de seus textos está “sempre” relacionado à precariedade do leitor? Creio que não.
Pressupor a consistência de um texto considerando exclusivamente a reputação do autor é um grande erro. Esta credibilidade pressuposta pode resultar em um fenômeno de produção arbitrária de sentido, uma espécie de apofenia do discurso. Em outras palavras: pode-se equivocadamente atribuir um sentido ao texto, diverso do seu sentido original.
Portanto, compreender o pensamento de grandes filósofos e cientistas exige acuidade, tempo e determinação. De certa forma, interpretar um texto é sempre um processo de desconstrução e construção de sentido que exige constante atenção aos desafios que a linguagem impõe.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
1 comentários:
ótimo texto.
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