Cuidado com as Falácias

Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

Uma falácia é um argumento inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho. Nestes apontamentos apresento exemplos de algumas falácias empregadas com frequência.

a) Apelo à autoridade:
Argumento baseado na voz de autoridade reconhecida na área.
Ex: “O fenômeno jurídico deve ser compreendido sob a ótica valorativa, pois este é o entendimento do insigne mestre Miguel Reale.”

b) Apelo à maioria:
Argumento baseado na maioria.
Ex: “A maioria dos Estados Brasileiros reconhece o benefício da licença sem vencimento aos seus servidores públicos. Portanto, Santa Catarina deve também adorar este instituto.”

c) Apelo à Ignorância:
Argumento baseado na inexistência de prova. “A mera falta de provas não prova nada”.
Ex: “Não há prova material do crime, logo, ele é inocente.”

d) Apelo à tradição ou antiguidade:
Argumento baseado na imutabilidade de fatos e valores históricos.
Ex: “Essas práticas remontam aos primeiros séculos da civilização romana. Como podem ser questionadas?”

e) Apelo emocional:
Argumento baseado na carga emocional das premissas.
Ex: “A maternidade é uma benção divina, portanto, o aborto deve ser condenado com rigor.”

f) Ataque ao argumentador:
Em vez de o argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
Ex: “É natural que o ministro diga que essa política fiscal é boa porque ele não será atingido por ela.”

g) Generalização Apressada (Falsa indução):
Argumento baseado em regra específica, indiscriminadamente atribuída ao todo. Neste caso a amostra é insuficientemente representativa do todo.
Ex: “A noiva de Maurício o traiu. Logo, as mulheres tendem à traição.”

h) Falácia de Composição (Tomar o todo pela parte):
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Ex: “Os integrantes do legislativo municipal são insensíveis; logo, a legislação municipal não atende as demandas da sociedade.”

i) Falácia da Divisão (Tomar a parte pelo todo):
Assume que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.
Ex: “A ONU afirmou que o Brasil é um país com muita violência e injustiça; logo, a ONU nos reconhece como violentos e injustos”.

j) Correlação não implica causa:
Argumento baseado em falsa relação de causa e efeito.
Ex: “O Japão rendeu-se logo após a utilização das bombas atômicas por parte dos EUA. Portanto, a paz foi alcançada devido à utilização das armas nucleares.”

k) Conclusão Sofismática:
Argumento baseado em falsa relação entre as premissas válidas e a conclusão.
Ex: “Os astronautas do Projeto Apollo eram bem preparados, todos eram excelentes aviadores e tinham boa formação acadêmica e intelectual, além de apresentar boas condições físicas. Logo, foi um processo natural os EUA ganharem a corrida espacial contra a União Soviética.”

l) Falsa dicotomia:
Ocorre quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de fato outras alternativas existem ou podem existir.
Ex: “Se você não é favorável a redução da menoridade penal então está incentivando a impunidade.”
Leitura complementar: "Guia das falácias de Stephen Downes" traduzido e adaptado por Júlio Sameiro, disponível no site: http://criticanarede.com/falacias.htm

27 de julho de 2010

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