Produzir um trabalho monográfico de revisão bibliográfica é como realizar uma Festa. Quem escreve o texto é o anfitrião. Sabemos que uma bela festa deve contar com vários convidados. Não muitos a ponto de sufocar o ambiente, nem poucos de modo a torná-la exageradamente intimista. Uma festa é bacana quando participam pessoas agradáveis, com vivências e perfis variados. Gente inteligente, bonita, atualizada, disposta a “curtir” e compartilhar afinidades e diferenças. Sabemos também que o anfitrião tem o compromisso de receber os convidados e animar a festa, empregando estratégias que favoreçam a interação e o diálogo. No ambiente da monografia, podemos dizer que o anfitrião (pesquisador) tem o dever de convidar diversos autores (fontes citadas) e conduzi-los ao diálogo.
Proponho está metáfora para ilustrar algo que considero necessário à produção científica (especialmente para os iniciantes da pesquisa): promover um olhar mais humanista sobre o trabalho intelectual. Livros (e o conhecimento aparentemente “contido” neles) não são objetos delimitados apenas por suas dimensões ou quantidade de linhas e páginas, são antes manifestações humanas, provenientes de vivências contextuais repletas de virtudes e vícios. Manifestações que se projetam para além do limites de tempo e espaço do autor e do leitor. Por mais qualificada, não existe fonte ou doutrina (leia-se: autor) imune a inflexões de sua época, ideologias, parcialidades ou equívocos.
Ler é sempre um diálogo entre o leitor e o autor. Também a produção textual, a partir de uma revisão bibliográfica, é sempre uma oportunidade para estabelecer o diálogo entre autores de diferentes tempos e lugares, e destes com o escritor. Por esta razão reconheço a importância de indicar as fontes de pesquisa. Não para prevenir o plágio (mesmo porque, a bricolagem ardilosa das fontes não é um fenômeno involuntário), nem tão pouco representa apenas uma questão de legitimidade do argumento. Indicar as fontes é, sobre tudo, uma conduta solidária e inclusiva que garante, ao leitor, o contato (leia-se, diálogo) com os diversos olhares que compõem a tessitura de um trabalho de pesquisa.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
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