O Futebol e a epistemologia

Este é o assunto do momento - futebol. É curioso observar o teor dos comentários e debates sobre os jogos da copa. Eles refletem, pelo menos, três concepções de mundo em uma espécie de sincretismo epistemológico.
Esquemas táticos são tecnologicamente planificados e demonstrados por inúmeros comentaristas. Nesta visão, ganha a partida o time com mais qualidade técnica, aquele cujos atletas atuam como engrenagens de uma máquina. São estes os favoritos. Nesta perspectiva, a vitória será obtida pelo time que melhor flertar com a eficiência. Aqui temos o império da racionalidade.
Contudo, quando a crise se instala e a máquina parece não funcionar mais, invoca-se à competência do ídolo, o jogador cujas habilidades anunciam a salvação. Neste momento, o futebol técnica abre caminho para o futebol arte. Arte que, no paradigma da modernidade, é reconhecida como o resultado dos atributos do sujeito.  O atleta, responsável pela vitória, será eternamente idolatrado, “fará história” dirão alguns. Aqui, temos o império do sujeito e da filosofia da consciência. Parodiando Descartes: jogo, logo eu sou o cara! (ou ainda, “esse cara sou eu!”)
Mas quando nem mesmo o ídolo for capaz de conduzir à vitória prometida? Neste instante a racionalidade e a filosofia da consciência abrem espaço para a metafísica clássica. O mítico então assume o seu papel: explicar aquilo que é inexplicável. Na partida entre Brasil e Chile (dia 28 de junho de 2014), aos 15 minutos do segundo tempo de prorrogação, Mauricio Pinilla chuta para o gol e a bola bate no travessão. Alguém explica? Galvão explicou: “essa trave é brasileira!” Bom, talvez a bola (indignada) quisesse mesmo esmurrar a trave, ou algum duende aprontar uma travessura... quem sabe. Afinal, jogo é jogo.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

4 de julho de 2014

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