Creio que muitas pessoas, sem se dar conta, reconhecem que a linguagem tem um caráter exclusivamente instrumental. Preciso confessar que durante muito tempo minha percepção também era esta: linguagem era instrumento. Em outras palavras, estudar língua portuguesa era uma questão de comunicação, estudar outro idioma era uma exigência de mercado. Linguagem sempre vista como ferramenta, um recurso para suprir uma demanda.
Hoje percebo que esta não é a única (ou principal) perspectiva a considerar. Sob a influência de Heidegger e Gadamer, resgato os ensinamentos da filosofia para afirmar que a linguagem é elemento constitutivo do “pensar” e, consequentemente, do “ser – conhecimento” e do próprio “ser – pessoa”.
Pensamentos mais articulados, complexos e abstratos não existem sem linguagem. Por exemplo: as ideias que tento expor aqui não são constituídas por pensamentos etéreos, elementos metafísicos anteriores a construção do texto. Estas ideias sequer seriam pensadas sem que as palavras e seus sentidos existissem. Insisto: não se trata de considerar a linguagem apenas como um conjunto de signos que comunicam “algo”. O “algo” só existe porque a linguagem o constitui, de modo que os pensamentos devem sua existência a linguagem.
Assim, quanto mais amplo e diversificado for o emprego da linguagem, mais articulados e refinados os pensamentos se tornam. A partir do momento que reconhecemos a linguagem, não mais como mero instrumento, mas como um elemento constitutivo do ser, percebemos que por meio da expressividade plural de linguagens verbais e não verbais temos a grande oportunidade de aprimorar a inteligência, a criatividade, a criticidade e a sensibilidade emocional.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
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