Diga-me o que citas que te direi a “qualidade” do texto

Quando tenho a oportunidade de ler algum trabalho de pesquisa, seja de iniciação científica, trabalho de conclusão de curso ou artigo científico, busco avaliar a qualidade das fontes empregadas. Pretendo neste post explicar o que entendo por “qualidade”. Primeiro, é importante lembrar que não há um padrão ou critério único para determinar a consistência das citações em relação a um texto. Avaliar a qualidade implica em sopesar vários aspectos das fontes a fim de pressupor a credibilidade do conteúdo.
Imagine que você esteja diante de uma monografia que trata da evolução das tradições germânicas em Santa Catarina. Considere também que na lista das vinte fontes citadas e devidamente referenciadas neste trabalho, encontram-se os autores “A” e “B”. No caso, estas duas fontes são textos publicados na Internet.
Muito bem. Vamos então observar com mais atenção o autor “A”. Ao consultar o endereço eletrônico indicado constata-se que o texto foi publicado em um blog pessoal e não apresenta rol de referências. Veja que estes dois fatores, por si, não conferem a mínima credibilidade ao conteúdo. Todos sabem que, na Internet, facilmente qualquer pessoa pode publicar qualquer coisa: informações inconsistentes, imprecisas, inverídicas ou até mesmo textos de autoria alheia (plágio). Mas vamos adiante para verificar “quem é” o autor “A”. Por meio da plataforma Lattes constata-se que “A” é Doutor e leciona a disciplina “História da Cultura Germânica no Brasil” em cursos de graduação e pós-graduação. Ele também é autor de diversos artigos científicos sobre o tema “tradições germânicas”, publicados em revistas nacionais e internacionais de estrato “A1 e A2” no Qualis Capes. Note que este cenário (título de doutor + estudos especializados publicados em revistas científicas) projeta uma forte presunção de credibilidade para o texto, mesmo publicado em um site pessoal.
Vejamos o caso autor “B”. Em consulta ao endereço eletrônico constata-se que o texto é uma tese de doutorado publicada em 2012. O Lattes demonstra que “B” é autor de diversos artigos. Ótima fonte correto? Não, errado! Acontece que “B” é doutor em física quântica e a maior parte de seus estudos é sobre este assunto. No currículo percebe-se que “B” é um alemão naturalizado brasileiro, mora em Blumenau e publicou dois pequenos ensaios em jornais de circulação local sobre “tradições germânicas”. Na tese dele há uma passagem histórica sobre este assunto em uma “longa epígrafe”, nada que substancialmente tenha relação com o assunto central do trabalho.
Portanto, em relação às fontes obtidas na Internet, quero dizer que é preciso realmente “pesquisar”, não apenas render-se as primeiras ocorrências que surgem na plataforma de busca do Google. Assim, para considerar a qualidade das fontes é necessário adotar critérios que possam pressupor a adequação e a credibilidade das fontes em relação ao trabalho produzido.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

10 de dezembro de 2013

1 comentários:

Mariana Cunha disse...

Vejo muita gente colocar qualquer citação, muitas sem ligação com o texto, só para encher linguiça mesmo. Fica muito nítido que a pessoa tinha preguiça de pesquisar sobre o que estava escrevendo e consequentemente não tinha domínio do assunto.