Quero compartilhar com os amigos leitores algumas rápidas reflexões sobre o sentido de atribuímos a palavra “essência”. Diria que há, pelo menos três: a) Essência como algo indispensável; b) Essência em contraposição a aparência; c) Essência como argumento naturalizante. Todos eles, de certa forma, são variações de uma mesma premissa: de que tudo no mundo tem uma propriedade, uma qualidade intrínseca.
No primeiro sentido, a essência é tida como a qualidade necessária (indispensável) para que algo seja considerado o que é.
No segundo, projetamos o sentido de algo verdadeiro. Neste cenário alguém dirá: “não se deixe levar pelas aparências”. Então, seria preciso ir além das aparências e desvendar a essência (a verdade).
No último, considera-se a essência aquilo que constitui a “natureza” de algo. Ao vincularmos o sentido da essência ao sentido naturalizante, queremos normalmente dizer que a essência é algo determinante (inexorável), de modo que (logicamente) se estará em um campo onde não existe possibilidade de intervenção ou convenção humana. Este é um ponto importante. Há quem formule argumentos “essencialistas” e/ou “naturalizantes” para sustentar determinadas verdades.
Acontece que muitas vezes o que se aponta preliminarmente como algo natural (aquilo que se impõe além da vontade humana), foi historicamente naturalizado, ou seja, foi convencionado pela humanidade. Na Grécia era “natural” que os escravos não tivessem direitos civis. No medievo era “natural” que as mulheres fossem subjugadas pelos homens, só para citar alguns exemplos. Nada disso foi ou é de fato “natural”, no sentido de algo que não resulta da ação humana.
Portanto, em todo o discurso é preciso avaliar com cuidado o sentido atribuído à palavra “essência” em frases como: “é da essência do ser humano...”, “considerando a essência da vida ...”, “em toda a sociedade há uma essência...” e assim por diante.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
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