Método, lógica e instrumentalidade: existe algo mais?

Volto a compartilhar algumas linhas sobre o método científico. Percebo que a palavra “metodologia” anda muito desgastada. Diria até estigmatizada, seja porque é confundida constantemente com a adoção de modelos de diagramação de trabalhos, seja porque é tida como um pensar técnico reducionista.   
Há muito afirmo (e neste sentido acredito que muitos já entenderam) que a metodologia NÃO é sinônimo de padrões normativos de diagramação de trabalhos acadêmicos. Também NÃO se confunde com o domínio de técnicas e recursos disponíveis em redatores de textos. É claro que o método, entendido como um “fazer” se aproxima destas questões, mas de longe está limitado a elas.
Creio também que não seja adequada a perspectiva de que o método carrega em si, um gene determinista e reducionista. Acredito que seja inerente a qualquer discurso científico ou filosófico a perspectiva metodológica, ou seja, uma comunhão entre o operacional e o lógico, com vistas a um determinado objetivo. Em qualquer texto, por exemplo, há um plano instrumental sintático (as palavras são “o instrumento”), que por sua vez se presta a um plano lógico semântico (de atribuição de sentidos), cujo objetivo é comunicar algo. Em outras palavras: a instrumentalidade e a lógica sempre serão elementos do discurso científico, mas isto não significa que o discurso científico seja exclusivamente lógica e instrumentalidade. 
Método lembra procedimento. Procedimento lembra regras. Regras lembram limites. Mas há algo mais na questão do método. Algo que é ofuscado pela crença em modelos universais, infalíveis, dotados de credibilidade absoluta. Historicamente o rigor defendido pelo empirismo lógico deixou cicatrizes profundas. Manuais da Metodologia reproduzem modelos e mais modelos de “como fazer” pesquisa – pretensiosas receitas sobre como se deve “pensar”. 
Já afirmei neste blog que modelos não são de todo ruins (veja este post). A questão é o valor que atribuímos a eles. Métodos e processos não devem se prestar a “modelar” o pensamento ao ponto de não restar espaço para a criatividade. A relação entre “meios” e “fins”, entre o como fazer (método) e o para que fazer (objetivo) é pauta que não se esgota em fórmulas pretensamente universais e deterministas. Neste sentido, a metodologia deixa de ser apenas lógica e instrumentalidade para abrir espaço ao pensamento crítico e criativo.   
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal 

16 de outubro de 2013

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