Ideias não surgem do nada. Elas são o resultado do pensar, entendido como um processo mental onde estabelecemos relações entre inúmeras outras ideias e informações. Assim, para construir o pensamento nos apropriamos do discurso de outras pessoas, expressos verbalmente ou por meio de textos. Isto acontece em qualquer situação do cotidiano e não é diferente na produção de textos científicos.
Mas atenção: construir o pensamento não é uma prática de mera apropriação e reprodução. Pensar é bricolar mentalmente com o que nos apropriamos. Infelizmente, no cotidiano, somos levados muito mais a reproduzir informações do que a pensar. As consequências deste gap intelectual são evidentes. Esta é uma das razões que levam muitos alunos da graduação a encarar o Trabalho de Conclusão de Curso como um enorme fardo.
Neste mundo superavitário de informações onde a tecnologia é intensamente empregada a favor do imediatismo e do facilitarismo, o quadro não poderia ser outro. Para quem está limitado ao modelo mental apropriação/reprodução, é muito difícil articular ideias e expressá-las textualmente.
Reproduzir não é, em si, um problema. Aliás, em certo sentido a reprodução e a repetição são práticas importantes para a aprendizagem. Mas precisamos ir além. Veja-se, por exemplo, a questão das citações em trabalhos científicos. Será que transcrever trechos de outros trabalhos com a indicação dos respectivos autores é suficiente? Será que paráfrases podem ser obtidas com a simples troca de algumas palavras dos trechos citados? Certamente não.
Ir além é compreender que articular e expressar o pensamento (principalmente no texto) são práticas que exigem uma postura intelectual ativa e criativa. Ativa porque passamos a conduzir a leitura e a escrita, identificando e caracterizando a estrutura e sentido do texto. Criativa porque vamos além da reprodução: desconstruímos o texto, desvendamos sentidos, conjugamos ideias e, com isto, projetamos novos horizontes.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
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