O conto do autor desconhecido

Uma das coisas boas da vida é compartilhar experiências com os amigos. Certa vez (é isto já faz algum tempo) uma colega professora contou-me um fato ocorrido com ela. Disse que havia proposto um trabalho de pesquisa para seus alunos e que, durante a correção dos textos, ficou impressionada com a qualidade de uma determinada citação. 
Muito dedicada e sempre disposta a aprender, ao ler a dita passagem, imediatamente dirigiu seus olhos para a indicação da fonte. Disse tratar-se de um autor cujo patronímico era FUDICUBIS. 
Hora, no momento não havia razão para estranhamento. Afinal, existem tantos sobrenomes esquisitos na academia! Este era apenas mais um.  Dirigiu-se à biblioteca da instituição para consultar o conteúdo integral da referida obra, vez que o assunto era de grande interesse seu. Infelizmente, nada encontrou. 
Nos dias que se seguiram questionou vários colegas professores sobre a obra de FUDICUBIS. Ninguém o conhecia. Consultou vários livreiros e nada. Por fim, entrou em contato diretamente com a editora. Infelizmente foi informada que não havia qualquer obra cuja autoria fosse de FUDICUBIS.
Resignada, questionou os alunos no dia da devolução dos trabalhos sobre a citação de FUDICUBIS, foi então que eles declararam trata-se de uma “brincadeira”. O nome fora inventado e o conteúdo extraído de um texto sem indicação de fonte. 
É claro que no dia que tive conhecimento desta história, o sentimento era um misto de humor e indignação. Tentei me colocar na condição dela, no lugar de alguém que investiu tanto tempo e dedicação em uma situação dessa.
Por fim, guardo comigo a lição de que, na verdadeira pesquisa, sempre há uma vitória independente dos resultados. Reconheço que a obstinação e a paixão da professora na busca do saber é um grande exemplo de vitória. 
Já para aqueles que forjaram a citação, resta refletir sobre o fracasso da conduta. Não porque a vilania foi desvelada, ou porque a nota foi baixa, mais sim porque agir desta forma é enganar a si mesmo. 
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

10 de junho de 2013

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