Do apocalipse zumbi ao vírus do facilitarismo

Você já assistiu as séries “Resident Evil” e “The Walking Dead”? Quem teve a paciência de ver sabe que a causa do apocalipse zumbi é profeticamente atribuída a uma pandemia viral. Bom, gostaria de estar enganado, mas vejo que na nossa sociedade existe outro vírus altamente contagioso cujos sintomas são: apego exagerado a modelos pré-concebidos e impulsos incontroláveis de reprodução. Em alguns casos, este mal atinge com tamanha violência o sistema neurológico do hospedeiro que provoca apatia generalizada. Existe cura? Sim, chama-se criticidade. 
Incorporar a criticidade no pensar cotidiano é um grande desafio. Somos constantemente levados a crer nos benefícios das soluções rápidas e facilitadas. Aceitar respostas prontas de informações superficiais e efêmeras. Neste século dominado por tecnologias de informação, infelizmente imperam o imediatismo, a superficialidade e o senso prático. Não que as soluções facilitadas sejam um mal em si. O problema é acreditar que tudo pode ser resolvido instantaneamente, tudo pode ser compreendido plenamente em uma fração de segundos. 
Há espaço para a criticidade? Acredito que sim, mas fundamentalmente precisamos nos permitir. Ser crítico neste mundo é nadar contra a maré, contra o senso comum. Não no sentido de mera oposição. Ser crítico é reconhecer a importância de dedicar tempo para avaliações mais profundas e pormenorizadas. É principalmente permitir-se pensar e expressar-se além da memorização e da reprodução de informações e ideias. 
Criticidade não é remédio que se encontra no balcão de farmácias. É semente que desabrocha na alma de quem cultiva a humildade e a criatividade. Suspeito que a contaminação pelo vírus do facilitarismo ainda não atingiu status de pandemia. Mas, precisamos lutar. 
Prof. Alejandro Kneasel Arrabal

25 de maio de 2013

2 comentários:

Nivaldo Santana disse...

Professor Alejandro Arrabal

Concordo plenamente com suas observações, vivemos em um tempo em
que a criticidade ameaça a ordem estabelecida e desequilibra a ditadura da
razão. Em tempo de exposições de currículos, perfis, memoriais sobra pouco espaço para o exercício da critica.

Nivaldo Santana

Karla Nunez disse...

O apocalipse zumbi é cognitivo! Logo teremos um grande abismo que vai separar as pessoas pensantes e reflexivas sobre a realidade daquelas que nao realizam sinapses uteis para a producao do conhecimento! Somente os inteligentes e humildes conseguem amadurecer e evoluir diante de uma crítica.