Lero lero, textos performativos e pseudo robustez intelectual

Alguma vez você já se deparou com um texto que, por mais que você leia, estude e releia, não consegue entender nada? Comigo já aconteceu e várias vezes. No início da minha vida acadêmica eu pensava que o problema estava em mim. Acreditava que não tinha “base” suficiente para compreendê-los. Com o tempo percebi que, na maioria das vezes, o problema não era “falta de base”, o problema estava no texto em razão de lacunas conceituais, obscuridades, vagueza, falta de coesão, ambiguidades e uma infinidade de outros problemas que tornam os textos “ininteligíveis”.
Observe este exemplo:
Como Deleuze eloquentemente mostrou, o início da atividade geral de formação de conceitos criaria um conflito no interior dos paradigmas filosóficos. Desta maneira, o conflito da psique inconsciente, corrobora a sustentabilidade do Cogito refutada é condição necessária e suficiente dos relacionamentos verticais entre as hierarquias conceituais. O movimento inverso da proaíresis, que avança -pro-, como a pro-lépsis, demonstra que a canalização do Ser do Ente é uma das consequências do homem verdadeiramente virtuoso.
Este texto foi obtido a partir de um "gerador de lero lero". Há vários disponíveis na Internet. Trata-se, no mínimo, de uma sequência de frases desprovidas de coesão e coerência. E o que dizer do sentido de cada frase?
Infelizmente há quem faça uso de recursos performativos em textos científicos para projetar uma falsa dimensão de “robustez intelectual” e eloquência. Sobre este assunto, recomendo a leitura do texto de Pedro Merlussi e Rafael d’Aversa “Textos performativos e a simulação do trabalho cognitivo”.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

25 de fevereiro de 2013

1 comentários:

Gabriel Reis disse...

kkkkkk Recentemente escrevi algo do tipo em um notepad de considerações (''Leia-me") sobre pastas confidenciais escondidas no meu pc, caso alguém a encontre.
A intenção de demonstrar pseudo intelectualidade na forma literária (embora crucial rsrsr) fica em segundo plano no meu texto. O intuito aqui é mascarar o máximo possível a descrição do conteúdo dos arquivos com justificativas completamente ininteligíveis kkk.

"O conteúdo do material aqui presente é substancialmente progênito de particular desfastio associado à inóspitas características que remetem/culminam em cenários "emovere", bem como, potencial e esporadicamente, determinado exordial enlevo comedidamente licencioso, tendo este sido posteriormente removido.

As gravuras que o incorporam foram constituídas no intuito da obtenção de uma maior efetividade à aspirações coadunadas a devaneios individuais, e, substratamente, a reminiscência de adversas (e forâneamente concebidas prejudiciais) ocorrências de insipientes igniedades voltadas às epígrafes posteriormente expostas, sendo assim, não recomendado
à quaisquer impertinentes e/ou inadequadas investigações adventícias."

Obs: A página do gerador de lero lero filosófico está indisponível.