Quando você assiste a um show de mágica, como se sente? desconcertado e enganado a ponto de falar mal do mágico, ou fica encantado e com vontade de ver a façanha novamente.
A resposta para esta pergunta tem íntima relação com o modo que encaramos os desafios da vida. Quem não gosta de mágica (por se sentir enganado) é rotulado de “realista”. Quem fica encantado com o “coelho da cartola” é chamado de “idealista”.
Concordo com Rubem Alves quando diz que o realismo e o idealismo se completam. Para que possamos nos aproximar de uma existência mais justa e digna (e neste sentido mais completa), não há como tomar partido de um ou de outro. Creio que em todas as situações da vida é preciso o tempero dos dois, inclusive na prática da pesquisa.
No mundo da ciência e da tecnologia de hoje, em nome de pretensas verdades, infelizmente ainda predomina o realismo, a racionalidade instrumental e a técnica como valores de grau maior.
Caminhar apenas pelos trilhos da racionalidade e acreditar que a supremacia da razão atende a tudo e a todos, é uma opção que pode nos transformar em seres débeis e insensíveis.
Precisamos da razão, mas também precisamos idealizar e sonhar. A realidade só é realidade porque antes foi idealizada, era sonho, ensina Bartolomeu Campos de Queirós. Precisamos do encantamento e da magia. É por meio dela que a curiosidade se anuncia. O império da racionalidade instrumental pode nos levar ao ápice da arrogância e da incompetência intelectual.
Quem acredita que sabe tudo, não sabe nada. Sem encantamento não há espaço para perguntas, não há espaço para o diálogo. Sem encantamento, as respostas ocultam as perguntas e sem perguntas o mundo para.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
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