Pensar sobre a pesquisa científica, para mim, é muito mais do que pensar em procedimentos e certezas. É sempre uma oportunidade para refletir sobre uma questão anterior mais abrangente. Refiro-me ao ato de acreditar. Todos os seres humanos convivem com a crença de alguma forma.
Na ciência, acreditar pressupõe certeza. A racionalidade científica somente nos autoriza a acreditar em algo que possa ser comprovado. Neste contexto, para crer é preciso firmar um pacto com a verdade.
Para os racionalistas mais radicais, crer é um ato de vontade que não se confunde com a verdade (note que crer e querer são palavras parônimas). Para estes “sempre existirá uma verdade” que independe de um querer.
Mas será que o sentido da vida se resume a busca de certezas? Seria então a vida uma jornada rumo a desvendar tudo que pressupomos encoberto por mistério e encantamento? Trago aqui a visão do poeta e escritor Bartolomeu Campos de Queirós que afirma ser o homem feito de “real” e de “ideal”. A fantasia, assim como a racionalidade, nos constitui enquanto seres em sociedade.
A fantasia, diz o poeta, é o que existe de mais importante na construção do mundo. Se existe um novo é porque ele foi fantasiado anteriormente. Então nós devemos a fantasia todo o desenvolvimento do mundo.
A partir destas palavras quero dizer que sim, acredito no Papai Noel! Enquanto constructo da tradição que se manifesta pela linguagem. Mantenho comigo a esperança de que o bom velhinho resista ao desencantamento e ao consumismo, e que possa sempre nos lembrar da importância de cultivarmos solidariedade e compaixão em nossas vidas.
Um ótimo Natal.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
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