A monografia e a opinião

Você já deve ter ouvido que a monografia (especialmente o trabalho de conclusão na graduação) não é espaço para opiniões pessoais. Bom, esta afirmação é incompleta e, por esta razão, mal interpretada. A partir dela, muitos pesquisadores (especialmente os iniciantes) acreditam equivocadamente que não se pode “desenvolver/expor ideias próprias” na monografia.
Ocorre que a ideias e convicções não surgem instantaneamente e de forma isolada. Elas são o resultado da construção do pensamento, uma rede que nós tecemos em nossas mentes. Tente visualizar o pensamento, não como um objeto, mas como uma estrutura que relaciona vários objetos.
Ao construir o pensamento, relacionamos diversos elementos (informações, conceitos, ideias, valores) para então chegarmos a conclusões (convicções). Estas conclusões, em um passo seguinte, poderão ser “novas” ideias que, associadas a outros elementos, sustentarão “novas” conclusões.
Portanto, na monografia, é preciso “mostrar a rede”, expor os diversos “objetos” e como “eles se conectam” para demonstrar a validade das suas convicções (ideias). Não basta apenas expor as convicções, em outras palavras, não basta apresentar afirmações isoladas, é preciso descrever os fundamentos, a base (rede) que sustenta as afirmações. Da mesma forma, as conexões da rede e os respectivos elementos conectados (informações, conceitos, ideias, valores) devem ser suficientemente consistentes, do contrário, a rede não se sustenta e, na mesma medida, as conclusões que dela se originam.
Neste momento sugiro uma reflexão pessoal: que “base” eu tenho para fundamentar minhas convicções? Ao avaliar atentamente a questão pode-se talvez concluir que muitas de nossas convicções não decorrem de uma sólida construção do pensamento (rede), mas são fruto da apropriação superficial e instantânea de ideias, conceitos e valores da sociedade.
Assim, na monografia não se pode apresentar “opiniões”, entendidas como convicções que nos apropriamos superficialmente, sob as quais não estamos preparados para demonstrar fundamentos. Já o “desenvolvimento/exposição de ideias” é a essência da atividade de pesquisa (o que se espera ver na monografia), atividade esta que compreende a construção do pensamento crítico, a elaboração e demonstração de uma “rede” consistente de elementos que sustentam conclusões.
Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

17 de abril de 2013

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