“Cientista maluco” é pleonasmo?

Você já reparou que o estereótipo do cientista sempre esteve associado à insanidade ou excentricidade? Resgate alguns referenciais dos desenhos animados e observe. Com raras exceções, cientistas e inventores, ou são loucos ou no mínimo figuras de comportamento exótico.
Prof. Pardal, Prof. Ludwig Von Pato, Prof. Pat Pending (Corrida Maluca), Dr. Crankenshaft (Formiga Atomica), Professor (Gato Felix), Prof. Grossenfibber (Picapau), Prof. Farnsworth (Futurama), Dexter, Prof. Jonathan Frink (Os Simpsons) e a lista não para por aí. No universo cinematográfico não é diferente (consulte Lista de cientistas loucos fictícios). Mas será que genialidade e loucura estão realmente relacionadas? Ou esta vinculação é resultado de fragmentos de valores consolidados pela cultura de massa? 
Segundo Ramos e Olschowsky (2009), no universo cinematográfico, desde os seus primórdios, o cientista é tipicamente caracterizado por ser um profissional “[...] do sexo masculino, usa jaleco branco e óculos, trabalha em um laboratório cercado de fórmulas e é louco”. É provável que os veículos de comunicação tenham contribuído para a projeção da figura estereotipada do cientista. 
Contudo, é possível encontrar estudos no âmbito da neurociência, psicologia e da psiquiatria que abordam a aproximação entre a genialidade e a loucura. 
Silva, Cavalcanti e Bastos (2010) explicam que “[...] Em meados de 1800, a ideia de ‘gênio louco’ foi corroborada pela Teoria da Evolução de Darwin. À época, a genialidade chegou a ser considerada uma desordem neuropatológica congênita [...]”. Coincidência ou não, o romance Dr. Frankenstein foi escrito em 1816. 
Kraft (2004) destaca que “No início do século XX, a busca pelas raízes da genialidade era um dos temas mais palpitantes da investigação psicológica. Cientistas de ponta tinham poucas dúvidas de que certos males psíquicos davam asas à imaginação.” 
É claro que seria uma falácia considerar a existência destes estudos como fundamento para o estereótipo do cientista maluco. De qualquer forma, parafraseando o dito popular, “de cientista e de louco todos temos um pouco” não é?

Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

REFERÊNCIAS
KRAFT, Ulrich. Sobre Gênios e Loucos. Mente Cérebro, n. 143, Dez. 2004 Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/sobre_genios_e_loucos.html>. Acesso em: 23 jan. 2012.

RAMOS, Jerussa Figueiredo; OLSCHOWSKY, Joliane. As Representações Sociais de Cientistas em Filmes de Animação Infantil. XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2009. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-1225-1.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2012.

SILVA, Suzana Azoubel de Albuquerque; CAVALCANTI, Carla Maria de Oliveira; BASTOS, Othon. Genialidade e Loucura. Neurobiologia, n. 73 (1) jan./mar., 2010 Disponível em: <http://www.neurobiologia.org/ex_2010/14_ARTIGO_GENIO_CRIAT_BIPOLAR_vi(OK).pdf>. Acesso em: 23 jan. 2012

WIKIPEDIA. Lista de cientistas loucos fictícios. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_cientistas_loucos_fict%C3%ADcios>. Acesso em: 18 jan. 2012

Fontes da imagens selecionadas
Prof. Pat Pending (Corrida Maluca)
Prof. Ludwig Von Pato
Prof. Grossenfibber (Picapau)
Dexter
Professor (Gato Felix)
Prof. Farnsworth (Futurama)
Prof. Jonathan Frink (Os Simpsons)
Prof. Pardal

28 de janeiro de 2012

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