Luz própria

"O combate à produção de trabalhos acadêmicos copiados de outros autores impõe a necessidade de implantar desde soluções de conscientização de alunos e professores até a aplicação de programas sofisticados."

"O elevado desenvolvimento tecnológico das últimas décadas trouxe à tona o problema do plágio, algo que, se por um lado não é novidade, por outro está cada vez mais em evidência com as facilidades proporcionadas pela internet e os rápidos comandos de copiar e colar do teclado. Os motivos que podem levar um estudante a entregar um trabalho integral ou parcialmente copiado de outros autores são diversos: tempo inábil para dedicar à escrita; facilidades da tecnologia e da internet ou desconhecimento do ilícito. A prática tem reflexos do ensino fundamental e médio, com o colar na escola, mas nem por isso deve deixar de ser combatida já no ensino superior. O trabalho de orientação e conscientização dos alunos e a identificação prévia de possíveis plágios são formas encontradas para garantir a integridade da própria instituição, dos professores e também dos futuros profissionais.
O aluno que pratica o plágio perde a oportunidade de se desenvolver técnica e academicamente e acaba por não dominar os conhecimentos e as habilidades específicas de sua área. Por sua vez, a universidade sofre com o desprestígio, já que é o local onde está sendo produzido o conhecimento, a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias e informações.
"Se tivermos uma prática descontrolada de plágio dentro da academia, a sociedade perderá com a falta de desenvolvimento de novos produtos e tecnologias e a estagnação de descobertas importantes para o progresso", considera Marili Moreira da Silva Vieira, coordenadora de Apoio Docente vinculada ao Decanato Acadêmico da Universidade Presbiteriana do Mackenzie.
As consequências dos plágios nos trabalhos acadêmicos também podem aparecer na vida profissional, alerta o professor Jorge Tomioka, da Universidade Federal do ABC. "É muito provável que a pessoa que não produziu seus próprios trabalhos não seja capaz de desenvolver sozinha a tarefa mais elementar e pode até comprometer suas atribuições dentro de uma empresa. Também é péssimo para a instituição estar envolvida em plágio que seja de docente ou estudante", destaca o professor.
Um levantamento realizado com os calouros deste ano no Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) indagou os recém-chegados sobre a possibilidade de colar ou não nas provas. Surpreendentemente, 51% disseram que colariam e como justificativas argumentaram "não se dar mal", "ajudar o colega", "não perder uma eventual bolsa", "deixar para estudar de verdade depois". Já a maioria dos 49% que disseram não colar se baseou mais no medo da punição do que na preocupação com valores morais.
Com o resultado da pesquisa o Insper estabeleceu uma base para direcionar as ações de conscientização. "Nossa expectativa é conseguir criar uma linha de formação ética, com iniciativas que atinjam os alunos dentro e fora da sala de aula. Também com base nesses resultados, podemos determinar a maneira mais eficaz de encaminhar uma sanção disciplinar quando um aluno incorre numa falha ética", explica Ana Helena de Campos, coordenadora de Apoio Acadêmico do Insper. De acordo com ela, o foco na qualidade do aprendizado e no senso de justiça tem sido o principal argumento da instituição para motivar o aluno a não usar desse artifício. Ao ingressar no curso os alunos assinam o código de ética da instituição e participam de uma série de atividades que tratam especificamente do tema."

FONTE*:
ADRIANA, Natali. Luz própria. Ensino Superior. Disponível em: <http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12795>. Acesso em: 19 ago. 2011
*Reprodução na íntegra do artigo informativo conforme art. 46, I, a da Lei 9610/98.

24 de agosto de 2011

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