O Processo Cognitivo - Parte 3

Prof. Alejandro Knaesel Arrabal

Obra de Lewis Lavoie (ADAM - One Blood, Many Nations)
Na segunda parte deste estudo, foi apresentado o vídeo de Beau Lotto, onde ele demonstra de forma muito criativa vários aspectos da percepção humana. Destaco algumas das afirmações de Lotto:

[...] como Berkeley diz, nós não temos acesso direto ao nosso mundo físico, a não ser através de nossos sentidos. E a luz que entra em nossos olhos é determinada por múltiplas variantes em nosso mundo -- não só as cores dos objetos, mas também a cor da iluminação dos objetos, e a cor do espaço entre nós e esses objetos. Você altera qualquer um destes parâmetros, e você mudará a cor da luz que entra no seu olho. Isso é um grande problema porque significa que a mesma imagem pode ter uma infinidade de fontes possíveis no mundo real.
George Berkeley, filósofo irlandês, sustentava que a realidade consiste exclusivamente de mentes e suas ideias. Para ele, “ser é ser percebido”.
Indo além da percepção visual, a citação de Lotto remete ao entendimento que objetos, fatos, fenômenos e até mesmo argumentos, podem ser avaliados de diversos “pontos de vista”. Também alerta que nossa percepção de mundo é determinada por parâmetros, variáveis que devemos tentar desvendar. Lotto explica ainda que:
[...] informação sensorial, não tem significado. Porque pode literalmente significar qualquer coisa. E o que é verdade para informação sensorial é verdade para a informação em geral. Não existe significado inerente em relação à informação. É o que nós fazemos com essa informação que importa. Então, como nós enxergamos? Bom, nós enxergamos aprendendo a enxergar. Então, o cérebro evolui mecanismos para encontrar padrões, achando relações em informações, e associando essas relações com um significado comportamental, um sentido, interagindo com o mundo. Estamos muito conscientes disto na forma de atributos cognitivos, como linguagem [...] o cérebro não evoluiu para ver o mundo como ele é. Nós não podemos. Em vez disso, nosso cérebro evoluiu para ver o mundo da forma que foi útil ver no passado. E a maneira como enxergamos é redefinindo continuamente a normalidade.
Portanto, é possível afirmar que não somos capazes de “fazer ciência” com o objetivo de obter a “verdade”. O papel da ciência, considerando o "ponto de vista" de Beau Lotto, é permitir racionalmente significar e ressignificar a existência de forma ética e útil.

1 de fevereiro de 2011

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