Quando uma imagem NÃO vale mais que mil palavras (e vice-versa)

Todos sabem que slides em apresentação de trabalhos não podem ser recheados de frases. Mas o que muitos não sabem é que o uso de imagens pode ser tão prejudicial quanto uma avalanche de texto. O problema está em um equívoco recorrente: o uso plural e simultâneo de recursos comunicativos (significantes) para uma única mensagem (significado). 

No primeiro caso, o emprego de texto corrente em slides leva o público (ou a banca de avaliação) a dividir sua atenção entre o que é dito verbalmente e a leitura do texto. Outro problema ainda mais grave é quando o apresentador do trabalho fica preso à leitura do texto do slide, fato que aponta insegurança e não agrega absolutamente nada à compreensão do conteúdo. Neste caso há uma sobreposição de duas formas de expressão, dois significantes (a palavra falada e a palavra escrita) para um único significado. Uma espécie de isomorfia simbólica, ou seja, a mesma informação é apresentada de forma plural e simultânea por meios distintos. 

Com a utilização de imagens pode acontecer o mesmo problema. Por exemplo, falar sobre questões monetárias e apresentar a imagem de uma nota de dinheiro, ou falar sobre o meio ambiente e apresentar a imagem de uma floresta. Neste momento talvez você se pergunte: mas e daí? Não é assim que se faz? A questão é que nestes dois exemplos há uma sobreposição que não agrega valor ao discurso.  Falar sobre o meio ambiente e mostrar uma floresta não agrega e não soma nada ao conteúdo, exceto quando nos referimos a uma floresta em particular e a imagem contenha elementos (significantes), cuja descrição por texto ou pela fala seria incompleta e imprecisa. 

A fala e a imagem devem ser trabalhadas como um conjunto de elementos que se somam qualitativamente e potencializam o processo comunicativo. Nesta perspectiva, a utilização de recursos imagéticos em uma apresentação requer planejamento e um filtro crítico para reconhecer possíveis sobreposições simbólicas que não agregam significado.

Prof. Alejandro Knaesel Arrabal